Pai Valter de Ogun

Nascido em 06 de abril de 1959, Valter Palhares teve desde sua infância experiências com a religiosidade. Aos 6 anos o dom da visão se manifestava. Vendo sempre um senhor moreno que o acompanhava acabou se assustando com o fato e conseguiu após um tratamento espiritual kardecista, no Centro de Mesa Branca da Dª. Lola, no Bairro do Campo Grande em Santos, adormecer esse dom a ser despertado no futuro.

Com Dª. Augusta e Dª Maria, do bairro do Campo Grande (Santos/SP), bairro onde morava, aprendeu, olhando, a rezar o Pai Nosso, Ave Maria e Credo, e pedindo a cura que precisava para a pessoa. A cura, como elas mesmas diziam, são os espíritos quem fazem, conforme o merecimento das pessoas e o nosso. E sempre lhe diziam, não tem reza, tem a fé.

Já em sua mocidade, próximo dos seus 18 anos, conheceu o Candomblé por intermédio de sua cunhada, Yá Fátima de Iansã, filha de Babá Luizinho Ti Karê.

Com o passar dos anos, freqüenta várias roças de Candomblé, juntamente com Yá Fátima, até chegar o ano de 1982, quando é tomado os 07 anos de Yá Fátima no Barracão de Banda Kisuá, onde a Iansã de Yá Fátima o suspende Ogã de Fundamento (Ogã de faca, como era conhecido antigamente) para formação de seu Barracão.

Pai Valter toma o bori em 17/07/1982 para exercer tal função com Yá Banda Kizúa, filha de Yá Toloque, fundamentando na época o Orixá Xangô em sua cabeça, mas, Pai Valter não foi adiante.

Com decepções, Pai Valter, afastou-se do candomblé pouco tempo depois de ser suspenso, retomando o contato, apenas como assistência, no ano de 1981, após seu casamento com Denise Terezinha Ferreira Palhares (hoje conhecida como Mãe Denise de Sobá), na época adepta da umbanda. Em 1987 tem seu primeiro e único filho, Victor Ferreira Palhares, hoje babalaxé do Egbé Jurema Nagô – Casa de Ogun.

Depois de 09 anos afastado do candomblé, Pai Valter retoma, de fato, o contato em novembro de 1989, quando foi iniciado no Orixá Logun Edé pela Yá Martha de Xangô, do axé de Pai Waldomiro Baiano, iniciado por motivos diversos que iriam advir contrário ao seu destino.

FOTO Ya Quitéria de Iansã

Meses depois de iniciado, não sabendo o que havia acontecido, começou a sentir-se mal, tendo fortes dores de cabeça inexplicáveis que o deixou a beira da loucura.

Com diversos amigos entre os religiosos, por indicação de um colega, buscou em uma casa de Jurema Nagô a solução, onde encontrou Yá Quitéria de Iansã, irmã de Aluísio de Xangô e filha de Pai João da Bronca de Ogun, ambos da cidade de Recife (no bairro de Biribiri), onde foi confirmado que seu Orí era Meji e que Ogun pedia sua iniciação, pois estava faltando esta condição.

No dia 29 de setembro de 1990, Pai Valter se inicia no Orixá Ogun nos costumes Jurema Nagô por intermédio do Encantado José Vaqueiro de Yá Quitéria, que, sem que Pai Valter soubesse, o preparou para levar adiante o seu axé consagrando-o pai de santo em 31 de dezembro do mesmo ano.

FOTO Mestre José Olímpio de Pai Valter

Após um ano de iniciado, no ano de 1991, Mãe Quitéria de Iansã delega ao seu filho a missão de perpetuar o legado ancestral do culto aos Orixás e aos Mestres e foi de encontro a seus ancestrais no Orun, precisamente no dia 30 de setembro.

Ainda atordoado com a perda de sua Yá, seguindo orientação do caboclo de sua esposa, abre seu barracão em 1992, de forma acanhada com o propósito de continuar cuidando de seus irmãos de santo e atender as pessoas necessitadas espiritualmente.

Por motivos de força maior em junho de 1991, com 1 ano de santo, Pai Valter raspa seu primeiro Yaô, Deise de Abalô, hoje Egbomi do barracão.

Passando por diversas provações da religiosidade e sempre superando todos os infortúnios com muita fé, Pai Valter passa por um período de aproximadamente 6 anos em que o barracão só tinha função em Orô e festas, quando em 1998 o barracão dá início a sua ascensão, se firmando como o único de candomblé Jurema Nagô da Baixada Santista, cultuando Orixás, Mestres e Encantados.

Sempre em busca das respostas de suas perguntas e sob orientação da Cabocla de sua esposa, sua irmã de santo e esposa, Mãe Denise de Sobá, Pai Valter foi incumbido de uma missão, levantar uma nova bandeira, a Nação Jurema Nagô, como união das crenças. A comunhão entre o Orixá e o Ara Aye. Uma religião tipicamente Afro-Brasileira.

Em 21/01/2012, Pai Valter toma os seus 21 anos com o Babalorixá Danilo T’Iyemonjá, também do Axé Baru Lepe de Pai Waldomiro Baiano, completando seu ciclo de axé.

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